Moçambique lançou sábado (02/12), em Dubai, Emirados Árabes Unidos, a Estratégia de Transição Energética 2023-2030, uma iniciativa que coloca o país na vanguarda da inovação climática, bem como um destino atractivo investimento e sustentável.
O acto teve lugar durante um painel da Cimeira das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP 28, onde Moçambique fez-se representar por uma delegação chefiada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
“A missão da Estratégia é alavancar os abundantes recursos renováveis e naturais de Moçambique, para acelerar a implementação de uma trajectória de desenvolvimento com baixas emissões de carbono”, explicou Nyusi, no evento paralelo da COP 28, subordinado ao tema “Desbloqueando Oportunidades de Investimento na Energia de Moçambique”.
Segundo Nyusi, mais de 75 por cento da energia consumida no país é hídrica ou seja limpa e renovável e apenas um terço produzida através de centrais térmicas.
Por isso, as emissões de carbono, em Moçambique, por consumo de energias fósseis é insignificante e sem impacto nas alterações dos padrões climáticos.
Aliás, Moçambique joga um papel fundamental na transição energética na região e no mundo no suprimento das necessidades energéticas da África Austral o que vai contribuir para a descarbonização regional.
Para melhor ilustrar Nyusi citou como exemplo o Rio Zambeze que possui um potencial para produzir 18.000 Megawatts constituindo um recurso com potencial económico imensurável para o desenvolvimento de baixo carbono a nível nacional e regional.
“Podemos salientar os projectos de Mphanda Nkuwa 1.500 MW, Mphanda Nkuwa Norte (900 MW), Cahora Bassa Norte (1.245 MW) Lupata (640 MW) Boroma (200 MW) e Chemba (600 MW), só para citar alguns”, disse o Chefe de Estado.
Referiu que a posicicao estratégica de Moçambique é reforçada pelas linhas de transmissão de energia eléctrica existentes e em construção para a África do Sul e Zimbabwe. Também perspectiva-se a ligação entre Moçambique-Zâmbia e Moçambique-Tanzânia.
Por outro lado, disse Chefe de Estado, Moçambique sofre de forma recorrente os efeitos da subida de temperatura induzida pelas mudanças climáticas. O testemunho disso são os ciclones tropicais Idai, Kenneth, Gombe e recentemente o Freddy que atingiram o país causando danos incalculáveis.
À semelhança de muitos países importadores de combustíveis, Moçambique sofre pressões inflacionárias que corroem o poder de compra de parte significativa da população, com impacto negativo na balança comercial, fragilizando as contas públicas e orçamento das famílias num contexto de vulnerabilidade quase permanente.
Referiu que Moçambique é um país em desenvolvimento onde os níveis de acesso a energia estão abaixo de 53 por cento.
Por outro lado é hospedeiro de grandes reservas de gás natural cerca de 180 triliões de pés cúbicos de e dois projectos estruturantes de Gás Natural Liquefeito com potencial de geração de financeiros.
Infelizmente, os combustíveis fosseis ainda dominam o mercado energético contabilizando cerca de 80 por cento do mercado global e sem um plano com visibilidade para a sua redução.
Nyusi deplorou o facto de o financiamento para a transição energética e recompensa pelos danos climáticos aos países menos desenvolvidos ainda não se ter materializado.
Advertiu que a transição energética exige investimentos avultados em novas tecnologias associadas a veículos eléctricos, uso de hidrogénio verde, expansão das redes de transporte, digitalização e formação de jovens.
AMER
Juntos pelas Energias Renováveis em Moçambique!